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Projetos Geoeducacionais na Residência Pedagógica


3 JUL 2019

Sandra Souza do LIFE


Sob orientação do professor Raimundo Nonato Junior do Departamento de práticas Educacionais e currículo do Centro de Educação, aconteceu na última quarta-feira (18) as apresentações dos projetos realizados na residência pedagógica do curso de licenciatura em geografia. o Laboratório de Ciências Humanas do bloco de aulas de pedagogia se tornou palco para a exibição dos projetos produzidos pelos alunos em diversas escolas na capital potiguar.

Bruno Santos e José Carlos, alunos do curso e participantes do residência pedagógica, utilizaram da cartografia para elaboração do seu projeto. Intitulado “Cartografia Inclusiva: o uso de mapas táteis para o ensino da geografia”, foi realizado no Instituto Padre Miguelinho, escola pública de Natal. A partir da observação de alunos com deficiência visual na classe escolhida para aplicação do trabalho, Bruno e José viram a necessidade de adaptar o estudo de mapas no intuito de incluir aqueles não estavam sendo contemplados com o projeto. Inicialmente a produção dos mapas não estavam atendendo as necessidades dos alunos especiais. Daniela Jéssica é cega e não conseguia entender o mapa do Brasil. Dialogando com ela e recebendo os feedbacks, os residentes começaram a readaptar os mapas, primeiro colocando textura para diferenciar cada elemento no mapa, como mar e divisão territorial, mas ainda assim Daniela sentiu dificuldade: “Como eu ia saber quem era o Rio Grande do Norte? Eu precisava de uma legenda”. Bruno conta que para resolver as falhas apontadas pela aluna utilizou o método do construtivismo: “O professor e o aluno interagem na busca por conhecimento. Ela mesmo fez a legenda em braile. Mandamos uma lista do que precisávamos e acompanhamos a produção enquanto ela também nos ensinava o básico, como reconhecer o símbolo de letra, de número…”.

Com total apoio da escola, tanto no incentivo dos professores e da coordenação, quanto no fornecimento de materiais e salas para a elaboração do projeto, o trabalho final conseguiu alcançar o objetivo de incluir esses alunos trabalhando com eles a participação ativa na construção do projeto e uma nova maneira de ensinar geografia.

“Integração universidade-escola: reconhecendo metodologias e pesquisas em Geografia” foi outro grupo que apresentou seu projeto dentro do programa Residência Pedagógica. Composto por 9 alunos, a instituição escolhida para receber o projeto foi a Escola Estadual Jerônimo Gueiros. Saindo um pouco do habitual, os residentes optaram por trazer duas turmas, de 8° e 9° ano da escola, até a universidade já que puderam perceber que grande parte deles nunca haviam visitado a UFRN. Através de um diagnóstico aplicado com os estudantes sobre a universidade, o grupo observou que a visita deles até o campus possibilitaria a desmistificação da geografia como um todo, fugindo da visão estereotipada que eles possuíam sobre essa área.

“A ideia é que eles visitassem pontos pertinentes do campus, como os laboratórios da geografia-física, a estação climática e a Biblioteca Central Zila Mamede (...) antes de trazermos os alunos para o campus, desenvolvemos aulas teóricas sobre as pesquisas que são desenvolvidas na área da geografia, falamos sobre os pontos que íamos visitar e citamos algumas curiosidades.” conta Ivaniza Sales, participante do grupo. O objetivo de aproximar a escola a universidade foi satisfatório visto que os alunos se sentiram pertencente à UFRN ao adentrar nesse espaço antes considerado inacessível.

O último projeto apresentado foi o de ambientalização na escola. Pensando em trazer a vida através da natureza para a Escola Estadual Mascarenhas Homem, o grupo teve a ideia de criar uma área verde no espaço, no entanto, houve diversas dificuldades como: ausência de solo para o plantio e a falta de apoio pela coordenação pedagógica. A partir dessa dificuldade optaram por trabalhar a educação ambiental no instituto. Para isso, foi aplicado um questionário a fim de diagnosticar o que eles entendiam por educação ambiental já que apenas dessa forma seria possível o projeto conseguir desenvolver ações na escola.

“Quando vamos para sala queremos estar em um ambiente bonito, limpo que proporcione uma boa aula, tanto para o professor que está ministrando, quanto pro aluno que está assistindo”, foi a partir dessa observação feita por uma componente do grupo que a intervenção através das aulas de geografia começaram. Os alunos produziram cartazes para que fossem expostos na sala com o objetivo de modificar e dar cor ao ambiente para que as aulas fossem mais aprazíveis. Várias outras etapas do projeto foram elaboradas, mas com o bloqueio da coordenação e a chegada das férias as ideias tiveram que ser adiadas.

Apesar das adversidades, é apenas a partir dessa relação mais próxima com os alunos das escolas em que as intervenções acontecem, que os projetos se adequam as necessidades e podem ser aplicados. O processo de investigação se torna uma das etapas mais relevantes do projeto. O programa Residência Pedagógica possibilita aos licenciandos novas vivências em sala de aula antes mesmo de ingressar no mercado de trabalho trazendo uma série de benefícios como o estreitamento da relação universidade e escola, colaborando com a formação docente, estimulando o protagonismo do estudante nas escolas além de propiciar aos alunos do ensino básico experiências únicas dentro dos projetos que os residentes elaboram.