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A linguagem audiovisual e o ensino

(Professores da UFRN são convidados para dialogar sobre a linguagem audiovisual no ensino)

6 SET 2019

Sandra Souza do LIFE


Foi em 1895, após a invenção do cinematógrafo por Auguste Marie e Louis Nicholas, ou simplesmente irmãos Lumière, que aquilo que hoje conhecemos por Sétima Arte surgiu para revolucionar o universo artístico. O cinema, nascido para o entretenimento, hoje é considerado um agente transformador. Dentro da salas de aulas, produções audiovisuais são verdadeiras bombas de reflexão, uma ferramenta pedagógica poderosa capaz de encantar e ensinar.

Thiago de Lucena, professor da Escola de Ciências e Tecnologias da UFRN (ECT), afirma que "O cinema é reconhecido como a sétima das artes pela inadequação da lista, já que ele é o resultado da aquisição das outras 6 artes, ainda com requinte de sombra e luz", isso porque o cinema é a consequência de uma série de transformações tecnológicas ao longo dos seus mais de 120 anos de história. Desde a fotografia, que sofreu inúmeros processos anos antes, mas que foi reconhecida como fotografia em 1826, passando pelo cinema mudo, inserção da música, longa metragem, animação, produção digital, até os dias atuais onde podemos ter o cinema com todos esses recursos na palma da mão através dos smartphones. “Precisamos de uma educação dialógica do cinema” comenta o professor ao contar sobre o quão transformador pode ser esse recurso e de como o professor atualmente precisa assumir o papel de facilitador junto aos recursos tecnológicos. Thiago dialogou com os ouvintes por meio de transmissão Web, já que estava fora do país realizando seu pós-doutorado, e essa sua posição só mostrou o quanto a era digital se enraíza cada vez mais, seja através da ubiquidade e interação, como ocorreu na sua situação, ou mesmo na possibilidade de se utilizar dos recursos audiovisuais para produção e disseminação do conhecimento.

“Qual o papel da escola nessa sociedade que temos hoje?” Milene Figueiredo, professora do Núcleo de Educação da Infância da UFRN (NEI) e coordenadora do projeto de extensão Práticas Cineclubistas na Escola da Infância (CINEICLUBE) mostra que é possível a utilização de cinema dentro da escola. “O trabalho de audiovisual está pautado na área de mídia educação em que se busca estabelecer a relação que se dá entre crianças, as diferentes mídias e a escola. Como esses 3 agentes se organizam, interagem e ensinam”, comenta Milene.

Todas as mídias possuem suas particularidades e características, sabendo disso disso é necessário pensar em como alfabetizar as crianças para cada uma dessas mídias: como elas irão ler, transmitir, entender, aplicar ou se identificar com elas? É justamente a partir desse ensino crítico e reflexivo que isso será possível.

“Por que cinema na escola se há tantas coisas que deveriam estar nela e não estão?” é o questionamento que Milene faz em seguida justifica-se com citações grandes pesquisadores de mídia educação e cinema como Monica Fantin e Rosália Duarte. O cinema nos dá inúmeras possibilidades de comunicação e linguagem, trata-se de socialização, pensamento coletivo, é um agente transformador como a leitura e a escrita, por isso é preciso que ele também esteja inserido na escola.

“O filme não é pedagógico e sim a mediação que iremos fazer com ele” a forma de leitura de uma produção, a sua recepção, as mensagens que ela traz em seu roteiro é o que possibilita ao cinema ser tão importante para o desenvolvimento crítico dessas crianças.

O diálogo “Linguagem audiovisual como ferramenta dialógica” promovido pelo Laboratório de Tecnologias Educacionais (LTE) no II Encontro de Prática Educativas Digitais, possibilitou uma nova visão sobre como aprender e ensinar fazendo uso de um recurso acessível, não tão explorado e com uma grande importância para a educação. Precisamos ensinar para o futuro, ou seja, não se pode apenas ficar no papel, apesar de seu enorme valor, é preciso se adequar às tecnologias e as ferramentas que nos são oferecidas.